ATA DA SEPTUAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 27-9-2004.

 


Aos vinte e sete dias do mês de setembro de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson, Guilherme Barbosa, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Raul Carrion e Reginaldo Pujol. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Beto Moesch, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Helena Bonumá, João Bosco Vaz, Margarete Moraes, Maristela Maffei, Pedro Américo Leal, Professor Garcia e Wilton Araújo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos 1880, 1881, 1882, 1883 e 1884/04 (Processos nos 4729, 4731, 4732, 4733 e 4734/04, respectivamente). Também, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 392/04, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 045/04 (Processo nº 4751/04); de nº 393/04 encaminhando Veto Parcial ao Projeto de Lei do Executivo nº 009/04 (Processo nº 2158/04); de nº 394/04, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 046/04 (Processo nº 4752/04). Na ocasião, foi apregoado o Memorando nº 405/04, firmado pela Vereadora Margarete Moraes, Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre, através do qual Sua Excelência informa que o Vereador Sebastião Melo se encontra representando externamente este Legislativo, hoje, na Solenidade de posse do Desembargador Antonio Maria Iserrad, no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 159442, 159500, 162845, 162946, 163058 e 163601/04, da Senhora Márcia Aparecida do Amaral, respondendo pela Diretoria Executiva do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; Comunicados nos 101849, 124718 e 143623/04, do Senhor José Henrique Paim Fernandes, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Na ocasião, o Vereador João Antonio Dib manifestou-se sobre o Projeto de Resolução nº 110/04 (Processo nº 4716/04), que denomina “Plenário Ana Terra” o Plenarinho da Câmara Municipal de Porto Alegre, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos e o Vereador Haroldo de Souza manifestado-se sobre o assunto. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Antonio Dib informou ter apresentado representação no Ministério Público, solicitando fosse investigado o contrato firmado entre a Prefeitura Municipal de Porto Alegre e a Petrobrás, para asfaltamento de vias públicas. Também, manifestou-se contrariamente ao uso de terreno localizado na Avenida Voluntários da Pátria para reconstrução de casas para a comunidade conhecida como “Vila dos Papeleiros”. O Vereador Isaac Ainhorn referiu-se à recuperação do Parque Moinhos de Vento, pela iniciativa privada, e anunciou que apresentará Projeto de Lei a respeito da abertura e funcionamento de creches municipais, mencionando que a legislação existente dificulta essas operações. Nesse sentido, argumentou que, em função da falta de iniciativa do Executivo Municipal em se empenhar nessa matéria, irá propor mudanças para facilitar a concessão de licenças para as escolas de educação infantil. O Vereador João Carlos Nedel externou sua preocupação com qualidade da água potável do Município de Porto Alegre, alegando que os arroios estão deteriorados e poluídos com resíduos sólidos e que as providências relativas a esses fatos, solicitadas ao Executivo Municipal, não têm sido atendidas. Ainda, citando cursos de água comprometidos pelo excesso de poluição, defendeu maior conscientização da população porto-alegrense com o meio ambiente em que vivemos. O Vereador Luiz Braz lamentou ter sofrido acusação, no programa eleitoral veiculado hoje pelo Partido dos Trabalhadores, de que teria ajuizado ação para acabar com o Programa de Orçamento Participativo, quando, segundo Sua Excelência, seu objetivo foi o de questionar os gastos públicos com a manutenção desse Programa. Ainda, comentou que visitou o Departamento de Canais e Portos Navegáveis, a fim de debater a permanência do Museu de Arte Contemporânea no Cais do Porto. A Vereadora Helena Bonumá, realçando a importância da participação da comunidade em iniciativas de cunho social, manifestou-se contrariamente à implantação de câmaras de vídeo no Centro de Porto Alegre e alegou não ter havido discussão sobre essa matéria com a população. Dessa forma, criticou a Secretaria da Justiça e da Segurança do Estado em adotar tal medida, apontando que essa solução é paliativa e tem custo muito elevado para os cofres públicos. A Vereadora Maristela Maffei ressaltou a relevância das conquistas obtidas pelas mulheres nos últimos tempos, salientando não haver diferenças entre os sexos na capacidade de trabalho e na busca de espaços nos campos de ação humana. Também, lembrou a necessidade de que as mulheres lutem pela ampliação de seus direitos, citando Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional, que assegura o direito de aposentadoria às donas-de-casa. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 109/98, 115, 187 e 194/04, discutidos pelo Vereador João Antonio Dib, e 192/04, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Luiz Braz, Elói Guimarães, Beto Moesch e Cláudio Sebenelo, os Projetos de Resolução nos 106, 107 e 109/04, discutidos pelo Vereador João Antonio Dib. Na ocasião, a Senhora Presidenta registrou a presença do Senhor Antonio Hohlfeldt, Governador em exercício do Estado do Rio Grande do Sul, concedendo a palavra a Sua Excelência, que afirmou sua satisfação em retornar a esta Casa, analisando o significado do trabalho do Vereador como elemento de integração da comunidade e resolução das principais demandas dos cidadãos. Nesse sentido, salientou a importância das eleições a serem realizadas no dia três de outubro do corrente, para escolha dos integrantes dos Poderes Executivo e Legislativo municipais. A seguir, a Senhora Presidenta concedeu a palavra ao Vereador João Antonio Dib, que, em nome da Casa, saudou a visita do Senhor Antonio Hohlfeldt. Às quinze horas e vinte e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e vinte e quatro minutos, constatada a existência de quórum. Às quinze horas e quarenta e cinco minutos, constatada a inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e pelo Vereador Elói Guimarães e secretariados pelos Vereadores João Carlos Nedel e Ervino Besson. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estava destinado um espaço, em Comunicações, para assinalar o transcurso do Ano da Mulher 2004, a Requerimento da Verª Helena Bonumá, mas não irá realizar-se.

 O Gabinete da Presidência informa que o Ver. Sebastião Melo representará a Casa na solenidade de posse do Desembargador Antonio Maria Iserrad no Tribunal de Justiça do Estado, às 14h do dia de hoje.

O Sr. 2º Secretário procederá à leitura das proposições apresentadas à Mesa.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO (Ervino Besson): (Lê as proposições apresentadas à Mesa.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Uma observação, Sr. Presidente. Foi lido agora pelo nosso Secretário que o Plenário Aloísio Filho terá um outro nome. Eu acho impossível que isso ocorra, creio que há uma confusão qualquer. E, se me disserem que oficialmente não o é, o direito consuetudinário já o consagrou, porque, desde que se inaugurou este prédio, aquele plenário - há lá, inclusive, uma placa, vi agora, está na frente do meu gabinete - é chamado Plenário Aloísio Filho, ainda que o Palácio Legislativo também leve o nome do grande Ver. José Aloísio Filho.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu acolho a manifestação de V. Exª e esclareço, com base em informações que agora me foram trazidas, que, sim, oficialmente ao prédio é dado o nome de Aloísio Filho. O Plenarinho, que nós chamamos de Plenário Aloísio Filho, não teria oficialmente sido denominado. Mas essa questão, Ver. João Antonio Dib, terá os seus desdobramentos naturais para que se resolva. A matéria apenas foi apregoada, portanto não há nenhuma decisão nesse sentido.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Presidente, é o seguinte: eu quero concordar com todas as palavras do Ver. Dib, porque, antes mesmo de entrar na política e vir para cá, eu sempre conheci como Plenário Aloísio Filho. Não vejo motivo para haver uma troca nesse sentido. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

A Verª Helena Bonumá está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações, por transposição de tempo com o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu ocupo esta tribuna sem nenhuma alegria. Na sexta-feira, às 16h15min, eu entreguei uma representação no Ministério Público para que fosse explicado o contrato feito entre a Prefeitura e a Petrobras. Eis que, como engenheiro; como Assessor-Engenheiro, que eu fui; como Prefeito; como Secretário de Obras; como Diretor do DMAE; por onde passei, fiz e assinei contratos e nunca vi nenhum igual àquele. Oitocentos e dezesseis mil reais que serão pagos no dia 5 de novembro e no dia 5 de dezembro. Tão-somente isso diz o contrato; não diz quanto custa o metro quadrado de asfaltamento e reasfaltamento e nem que área será beneficiada pelo contrato com a Petrobras. Portanto, o Prefeito e seu Procurador Dr. Favreto - competente Dr. Favreto - vão dar no Ministério Público aquela explicação que, por três vezes, eu solicitei aqui no plenário e que não me foi dada.

Mas hoje estou mais triste ainda. Eu conheci o grande Prefeito desta Cidade, José Loureiro da Silva, e, num dos seus mais belos discursos, ele iniciou dizendo: “Sou do tempo em que a palavra de um homem valia o que os documentos não valem hoje”. Mas eu ainda acredito que a palavra valha e aí, às vezes, faço papel de tolo. Acreditei na Bancada do PT quando queriam, num Projeto de Lei, sob a égide do art. 81, aprovar o recebimento de uma área da Viação Férrea como pagamento de parte da dívida da Viação Férrea com a Prefeitura, no valor de pouco mais de um milhão e meio de reais, para fazer ali a Vila dos Papeleiros, na Av. Voluntários da Pátria, terreno nobre! Nós não concordamos. Mas, apresentada uma Emenda pela minha Bancada, pelo Ver. Beto Moesch, nós concordaríamos, isto é: o Prefeito, antes de fazer qualquer coisa naquela área, faria um Projeto de Lei definindo índices para aquela área. E, pelo amor de Deus, onde é que está a palavra dos gaúchos!? A Bancada toda do PT nos deu essa palavra! Eles nem estão no plenário agora. Mas nos deram a palavra, e nós acreditamos, nós confiamos, e o Prefeito vetou a Emenda, o que dá a ele as condições de fazer a Vila dos Papeleiros na Av. Voluntários da Pátria, terreno nobre! Não é nobre a atitude da Bancada do Partido dos Trabalhadores, que só obtiveram 17 votos, porque enganaram os outros, não deram valor ao que declararam. Mais uma vez, mais uma vez...

E, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esse tipo - vou pronunciar a palavra que penso - de desonestidade, de falta de dignidade, de falta de honra, só nos obriga a uma coisa: eu sou engenheiro, não sei qual a ação exatamente, mas que nós vamos à Justiça esta semana mesmo, nós vamos! Nós vamos impedir o Prefeito de fazer o mal que ele vai fazer para a Cidade! A Av. Voluntários da Pátria, para fazer triagem de lixo? Mas o que é isso, meu Deus do céu?! Num terreno de um milhão e meio de reais?! Um milhão e meio de reais para um quilômetro, dois quilômetros jogar fora? Com esse dinheiro ele vai fazer muito mais coisas, vai atender muito mais gente! Mas claro que ele não vai desvalorizar nada... Tudo o que está no entorno desse milhão e meio de reais de terreno, ele vai desvalorizar, mas vai servir de cartão-postal! “Olha aí a preocupação da Prefeitura com os menos aquinhoados...” Não, é a Prefeitura usando os menos aquinhoados para se projetar!

Eu sou do tempo em que a palavra de um homem valia mais do que um documento por ele assinado. Agora, aqueles moços, que deveriam estar sentados aí e não estão agora prometeram, não honraram as sua palavras. E a Cidade vai pagar por isso? Não sei! Que nós vamos à Justiça, podem ter certeza, nós vamos mesmo! Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações, por transposição de tempo com o Ver. João Antonio Dib.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em algumas circunstâncias, mesmo alegando ausência de recursos, como é o caso da atual Administração petista, que cortou a bimestralidade dos funcionários públicos municipais... E observo, Sr. Presidente, que a soberba e a arrogância tomou conta dessa Bancada, conquanto nem prestigiam mais as Sessões Ordinárias da Casa, não estabelecem o debate.

Na semana passada, fiz a leitura de um release da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em que se registrava que o Parque Moinhos de Vento ia ser totalmente recuperado, que o moinho que existe lá no meio do Parcão, que é representativo daquele Parque, seria restaurado, porque há muitos anos está quebrado. Particularmente, eu chamei atenção para isso, de que deveria ser restaurado, de que deveriam ser tomadas providências, e, há alguns dias, de forma soberba, anunciou que ia recuperar o moinho, mas não teve a grandeza - mais uma vez digo - de registrar que aquilo só foi possível não por decorrência do Orçamento Municipal, mas por uma lei da época do então Prefeito Alceu Collares, uma lei da Cidade, da adoção de praças na cidade de Porto Alegre. E não se referiram, sequer, que mercê da adoção por parte do Hospital Moinhos de Vento e do Supermercado Zaffari é que foi possível a restauração do moinho no Parcão, bem como a adoção do Parque no seu todo. Não é assim que as coisas devem ser conduzidas do ponto de vista das questões da Cidade.

Mas eu quero aqui, Ver. Luiz Braz, trazer à discussão o tema de um enorme déficit, e aí é que me refiro à questão do sistema de adoção de praças. São duas questões cruciais. Não sei se terei tempo de abordar as duas, mas falarei apenas de um dos pontos mais importantes que há, do ponto de vista social, na cidade de Porto Alegre, que é possível se fazer com uma mudança da Lei. E estou preparando um pré-estudo disso para apresentar, nos próximos dias, um Projeto de Lei estabelecendo as condições de funcionamento de creches em Porto Alegre. A legislação sobre creches é extremamente burocratizada, e a Prefeitura, normalmente, para conceder licença para a implantação de uma creche, é cheia de exigências e pré-requisitos, quando, a meu juízo, como há uma carência enorme, nós deveríamos flexibilizar os requisitos e dispositivos.

Lógico, temos de ter presente que estamos trabalhando com crianças de zero a três anos, é o pré-maternal, Vereador, a criança da creche; agora, eu conheço várias experiências de boa qualidade que não se regularizam, porque a legislação é burocratizada, é cheia de exigências. Eu conheço o caso de uma creche na Vila Bom Jesus que funciona numa casa de religião, que é limpa, cheirosa, bem cuidada, as crianças recebem todo o zelo, toda a atenção, não há cheiro de nada, só cheiro de limpeza, e, no entanto, essa mãe que fica com dezenas de crianças, dando comida saborosa, bem preparada, não pode regularizar a sua creche porque não atende os requisitos da Lei. Eu até não culpo, nem quero responsabilizar o Executivo, porque este é obrigado a autorizar o funcionamento de creches, dentro dos requisitos estabelecidos na Lei, embora quem esteja lá na ponta, vendo os dramas, é a figura do Executivo, e, no entanto, ele nada faz no sentido de flexibilizar essa Legislação. Já que o Executivo não toma a iniciativa, eu, como Vereador e Legislador da Cidade, pretendo trabalhar profundamente nessa questão de flexibilizar a Legislação das creches na cidade de Porto Alegre.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, eu tenho andado muito em Porto Alegre, e uma preocupação muito séria é com os nossos arroios, a nossa água em Porto Alegre. Os nossos arroios estão deteriorados, estão poluídos, estão cheios de lixo. Eu tenho feito Pedido de Providências, mas não estamos sendo atendidos. Lá na Vila Divinéia, o arroio Mem de Sá é um lixo só. A cada chuva é trazido mais lixo, cada vez mais. Mas não é só ali, o próprio arroio Dilúvio está com ilhas, com lixo, com poluição, com espuma diária. É uma pena que isso ocorra. Essa água que corre no arroio Dilúvio vai para o Guaíba, e essa água nós vamos beber.

Hoje, eu estive participando da Comissão do aumento da pista do Aeroporto, e há necessidade da retirada da Vila Dique para aumentar a nossa pista do Aeroporto. Estive esses dias na Vila Dique e vi o famoso “dique” da Vila Dique repleto de lixo, o próprio barranco, como a gente diz lá em São Luiz Gonzaga, repleto de lixo - o barranco é feito com lixo depositado, lixo acumulado! E essa água lá da Vila Dique vai para o rio Gravataí, que desemboca no lago Guaíba, e nós vamos beber dessa água. Eu repito que a água é muito bem tratada, mas o custo é elevado, porque ela é mal tratada nos seus arroios.

E, para variar, ao lado do arroio Cascatinha, lá perto da Gruta Nossa Senhora da Glória, existe um grande depósito de lixo, e, há bem pouco tempo até, bebíamos água direto do arroio Cascatinha. Inclusive há um estabelecimento lá. Aqui está o tamanho do lixo junto ao arroio Cascatinha. (Mostra foto.) É uma barbaridade! Ontem estive na Paróquia São Vicente de Paulo, na Av. Professora Paula Soares, e lá, junto ao arroio Mangueira, canalizado - mas a canalização está obstruída e derrubada em vários pontos - encontrei um esgoto com a tubulação arrebentada, cujos detritos foram jogados para fora, fazendo uma cratera junto ao arroio.

Então, esse é o tratamento da nossa água interna de Porto Alegre. Isso que eu não estou falando no arroio do Salso, onde é despejado todo o esgoto da Restinga sem nenhum tratamento. Nós precisamos ter maior responsabilidade, não só o Poder Público, mas o povo também precisa de uma maior educação ambiental, para que a nossa população não sofra com essas dificuldades. Estão aqui as dificuldades todas documentadas: o excesso de lixo, a falta de cuidado da população com o meio ambiente. E, justamente quando a CNBB completou a sua campanha da água em defesa dos valores ambientais, da saúde da população, vimos, tristemente, que esta ainda não está dando o exemplo para as próximas gerações, não está cuidando do seu meio ambiente. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, no programa de hoje do Partido dos Trabalhadores há uma acusação explícita a este Vereador, dizendo que nós entramos com uma ação, tempos atrás, para acabar com o Orçamento Participativo. Essa ação popular foi assinada por este Vereador, mas não tinha o fito de acabar com o Orçamento Participativo. O objetivo da ação era impedir o gasto de dinheiro público para a efetivação do Orçamento Participativo. É coisa completamente diferente: impedir o gasto de dinheiro público para a feitura do Orçamento Participativo. O que se fala hoje nos programas petistas é uma mentira que nós vamos cobrar na Justiça, porque, afinal de contas, acredito que essas notícias não podem ser veiculadas dessa forma, dessa maneira. Não vou gastar o meu tempo para falar sobre isso; discutiremos na Justiça.

No final da semana passada, fomos recebidos pela Diretoria do Departamento de Canais e Portos Navegáveis em uma audiência - e contamos com a companhia da Presidenta do Museu de Arte Contemporânea - cujo objetivo era fazer com que o Museu pudesse permanecer em um dos barracões do Cais do Porto. Ele foi para lá, mas o processo que tramita junto àquele Departamento não chegou ao seu final e ainda existem contestações com relação à possibilidade de o Museu de Arte Contemporânea permanecer por ali.

Nós, que somos absolutamente favoráveis a que aquela região do Cais do Porto possa sofrer uma remodelação, seja transformada em uma região de atração turística, como é hoje o Puerto Madero, em Buenos Aires, solicitamos aos Diretores do Departamento de Canais e Porto Navegáveis que envidassem esforços junto ao Governo Federal no sentido de fazer com que o processo possa tramitar de forma vitoriosa e que o Museu de Arte Contemporânea possa adaptar um dos barracões, sem, é claro, mexer na sua estrutura externa, tal qual o projeto que existe hoje, para que o Museu possa estabelecer-se de forma definitiva ali no Cais do Porto, ali permanecer e ser sede de eventos, como é o caso da Bienal e de tantos outros eventos culturais que podem localizar-se naquela região.

Eu acho que seria um motivo a mais para que nós tivéssemos o início da transformação daquela região em um local mais turístico, com a possibilidade de atração de um maior número de pessoas com o objetivo de lá apreciar as artes que são expostas naquele Museu. Hoje já acontece isso, mas sem as melhores condições para que o público possa realmente ali acorrer, inclusive sem muita publicidade. O Museu, hoje, não tem as suas acomodações de forma definitiva, não tem todas as adaptações do projeto que foi elaborado exatamente para que possa estabelecer-se ali naquela região.

Eu acredito que, muito em breve, nós poderemos ter aí uma resposta mais positiva e, para isso, acho que nós temos de contar tanto com o Governo Federal, que é quem detém, na verdade, a possibilidade de fazer essa concessão, como também com o Município de Porto Alegre e com o Governo do Estado. Eu acho que todas as forças públicas devem estar unidas no sentido de fazer com que o Museu de Arte Contemporânea possa permanecer ali e possa remodelar um dos barracões, a fim de que possibilite o início, quem sabe, desse processo de modernização da região do Cais do Porto. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Helena Bonumá está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Verª Maria Celeste.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham, nós, aqui em Porto Alegre, temos já desenvolvida uma cultura de participação, por isso a gente se surpreende, negativamente, quando os órgãos públicos, que são responsáveis por políticas importantes na vida da nossa comunidade, a partir da ação do Governo do Estado, na Cidade de Porto Alegre, ignoram o esforço da nossa comunidade em participar do debate, da discussão de políticas públicas, e tomam medidas, decisões de forma autoritária. A experiência extraordinária de participação do cidadão e da cidadã de Porto Alegre é uma coisa que tem distinguido a nossa Cidade no mundo: participação solidária, participação cidadã, de várias formas, desde os Conselhos Escolares, o Conselho Gestor da Saúde aos Conselhos Municipais - temos em torno de trinta Conselhos nas mais diferentes áreas -, a participação na rede toda, bastante complexa, do Orçamento Participativo, que, ao longo de 16 anos, mudou a cultura pública. Podemos dizer que temos na nossa Cidade uma outra esfera de participação que é uma novidade na relação dos Governos com a comunidade, uma novidade aqui no Brasil - onde o Estado sempre tem tido com a sociedade uma relação extremamente autoritária -, gerando um produto novo, que são políticas públicas elaboradas, constituídas, demandadas, reivindicadas a partir desse processo de participação popular.

Pois nós vimos anunciada para amanhã, de manhã, pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Governo do Estado, a instalação de dez câmeras de vídeo e monitoramento no Centro da Cidade. Porto Alegre, desde o ano passado, tem um Conselho Municipal de Segurança Urbana que conta com os órgãos de Segurança Pública, com a Universidade, com diversas organizações não-governamentais, como, por exemplo, a OAB, a ARI, a Comissão Inter-religiosa, que reúne, ecumenicamente, nove religiões e representantes das 16 regiões da nossa Cidade. Há todo um processo de discussão da questão da segurança, há todo um diagnóstico feito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul a partir das ocorrências registradas na nossa Cidade, das cifras registradas pelas Polícias. No entanto, nada disso conta para a Secretaria de Justiça e Segurança. O que está acontecendo é que, de uma forma arbitrária, sem qualquer critério mais claro debatido com a comunidade, sem critério revelado nem sequer à comunidade, a Secretaria está instalando essas câmeras de vídeo e monitoramento.

Nós sabemos que essa é uma nova forma daquela velha política, que, em última instância, é a política de privatização da Segurança Pública, porque, no final, essas câmeras serão instaladas na frente daqueles empreendimentos que têm condições de pagar por elas, acaba que se mobiliza efetivo policial para ficar olhando câmeras de vídeo, mobiliza efetivo policial para se colocar à disposição das ocorrências que acontecerem simplesmente na frente daquelas câmeras. Nós voltamos a privilegiar o efetivo policial em algumas regiões que já são privilegiadas e não fazemos a discussão sobre segurança pública lá onde a violência é maior, lá onde a criminalidade é maior. Isso revela uma solução que é paliativa, uma solução que é cosmética, revela uma coisa com a qual a comunidade tem de se preocupar muito: é uma solução cara! A relação entre custo e benefício não vale a pena, porque é um equipamento caro, cujo funcionamento tem um custo extremamente alto, e sabemos que ele vai detectar o problema depois que acontecer; ele não estará trabalhando na esfera da prevenção e vai exigir todo um efetivo montado e mobilizado para sair atrás da ocorrência depois que ela acontece.

Então, nós temos dito, em relação à câmera de vídeo e monitoramento, que ela é útil para o trânsito, é útil para uma situação privada, em um local fechado, mas ela é extremamente discutível pelo seu custo e pelo efeito que acaba tendo, de forma muito reduzida, em áreas públicas de grande aglomeração urbana. E mesmo que se utilize essa solução como uma forma, como uma política, como um instrumento de apoio - ao que não somos contrários -, nós exigimos que isso seja discutido com a comunidade de Porto Alegre, a comunidade que tem se batido pelo tema da segurança. A Prefeitura Municipal, que criou uma Secretaria nova, de Direitos Humanos e Segurança Urbana, que criou essa rede de conselhos e fóruns regionais para estar debatendo nas regiões da nossa Cidade essa política, quer, sim, estar participando desse processo e estar ajudando a decidir quais são as melhores soluções, do ponto de vista de prevenirmos a criminalidade na Cidade, e onde essas soluções têm mais necessidade de ser implantadas. Esse é um direito que a nossa comunidade tem e do qual não vamos abrir mão.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Maristela Maffei está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente dos trabalhos, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores que estão nos assistindo, nós vivemos tempos ímpares, Ver. João Antonio Dib, na luta, na conquista de espaços que as mulheres vêm alcançando na nossa sociedade. Sabemos nós que isso ainda está muito longe da realidade que almejamos, porque, assim como eu, nossos nobres Pares desta Casa, tenho certeza, também acreditam que a nossa única diferença, entre homens e mulheres, está no âmbito biológico, pois temos a mesma capacidade de luta, de investimento na sociedade, de busca de espaços na política, na vida social e no trabalho. Afinal, nós, que somos cristãos, dizemos que somos a imagem e semelhança de Deus. Então, na sociedade, nós temos os mesmos direitos e continuamos na busca deles.

E muito bem registrou a Verª Helena Bonumá, na sua luta como batalhadora pelos direitos humanos, que este é um ano em que nós alcançamos, na prática, o chamado Ano das Mulheres. Gostaria de ressaltar que há um Projeto Federal que, no ano passado, tramitou no Congresso Federal, e nós o espraiamos para toda a sociedade - para dar-lhe visibilidade - como uma conquista muito grande. É uma pena que algumas coisas têm de se tornar leis, quando deveriam ocorrer naturalmente, assim como outras conquistas que nós buscamos, como a Casa Viva Maria, as Delegacias de Mulheres, a qualificação dessas mulheres. Não basta apenas elas terem um local para se refugiarem dos maus-tratos; ao saírem desses locais, é necessário que disponham de mais creches e que estejam mais qualificadas profissionalmente para poder intervir na sociedade.

Nós sabemos que a condição econômica, Verª Helena Bonumá, é algo importante, mas nós também sabemos que é preciso um acompanhamento psicológico quando as mulheres estiverem muito abaladas, uma vez que não existe tortura pior do que a tortura psicológica. Não é apenas a dor física que traz sofrimento, há a dor mental, a dor psicológica, que eu considero uma das mais graves.

E assim nós vamos buscando os nossos espaços, os quais deveriam existir naturalmente, como, por exemplo, com relação a essa questão da aposentadoria da dona-de-casa, por meio de um Projeto Federal para aquelas mulheres mais empobrecidas que trabalharam a vida toda no serviço doméstico. Quanto este Estado, este País economizaram com a mão-de-obra, com o trabalho dessas mulheres que chegam ao final das suas vidas e não têm reconhecido, na Constituição, o direito sagrado de ter uma aposentadoria?!

São essas coisas que nós, que já conquistamos esse espaço, que buscamos e conquistamos o nosso direito de ter acesso à Previdência, devemos fazer para retribuir a essa mulher trabalhadora que, às vezes, ao ser perguntada sobre qual é a sua profissão, responde que não faz nada, que é dona-de-casa. Imaginem vocês o quanto isso significa para a sociedade e o quanto este País tem de retribuir, ainda, para essas mulheres.

É nesse sentido que a gente grita “aos quatro ventos”, porque o Rio Grande do Sul, dentro de todos os Estados, está em quinto lugar, no Brasil, no que se refere a índices de existência de mulheres que precisam ser assistidas pela Previdência, que não têm nenhum apoio, que precisam, muitas vezes, mendigar ao marido, aos filhos, quando deveriam já ter assegurado esse direito sagrado.

Por isso é que nós vimos, cada vez mais, Ver. João Dib, buscar o apoio de homens honrados como V. Exª, para que a gente possa se afirmar na sociedade de uma forma natural, com um direito natural, com o apoio de homens de boa vontade nessa causa tão justa e tão digna. É por isso que a gente faz questão cada vez mais de ocupar esta tribuna para dar visibilidade às nossas lutas com dignidade, com pé firme e sempre caminhando no sentido de uma vitória. Muito obrigada, uma boa tarde e continuamos na luta.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Encerrado o período de Comunicações. Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2.ª SESSÃO

 

PROC. N.º 2300/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 109/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que denomina Rua da Poesia um logradouro irregular, localizado no Bairro Mário Quintana.

 

PROC. N.º 4320/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 192/04, de autoria do Ver. Beto Moesch, que institui o Programa de Incentivos ao Desenvolvimento da Área Central de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. N.º 4432/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 194/04, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que autoriza o executivo Municipal a construir um monumento em homenagem à luta pela inclusão social e acessibilidade das  pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, na Praça Raymundo Scherer, no Bairro Jardim Botânico.

 

PROC. N.º 4493/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 109/04, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o troféu Honra ao Mérito ao Senhor Egydio Pedro Flach.

 

PROC. N.º 2637/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 115/04, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Praça Isa Castellano de Almeida o logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro conhecido como Chapéu do Sol.

 

PROC. N.º 4202/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 187/04, de autoria do Ver. Adeli Sell, que institui a Feira do Disco Vinil na Rua Uruguai.

 

PROC. N.º 4364/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 106/04, de autoria do Ver. Professor Garcia, que concede o Prêmio Não às Drogas ao Soldado João Luiz Correa Motta.

 

PROC. N.º 4390/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 107/04, de autoria do Ver. Professor Garcia, que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao Senhor Fábio Fernandes Santos Silva.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, a Pauta hoje contém oito Projetos de Lei em 2ª Sessão. Eu tenho dito reiteradas vezes, Sr. Presidente, que nós temos excesso de leis, nós não precisamos de mais leis; nós precisamos de leis claras, precisas, concisas e respeitáveis. O excesso de leis faz com que as leis que têm importância sejam desvalorizadas, sejam descuidadas, sejam desrespeitadas, e a sociedade não ganha nada com isso. E, também, o excesso de leis leva à confusão.

Nós temos em 2ª Sessão de Pauta o Projeto de Lei do Ver. Reginaldo Pujol que denomina um logradouro de Praça Isa Castellano de Almeida. Eu quero-me congratular com essa iniciativa, porque essa senhora foi minha amiga de infância.

O Ver. Adeli Sell quer instituir a Feira do Disco Vinil na Rua Uruguai. Eu não sei por que não o fez quando foi Secretário da Indústria e Comércio. Até posso perguntar para o Ver. Pujol. V.Exa. fez lei, Ver. Pujol, para fazer o Brique da Redenção, ou apenas estudou a questão e levou à realidade o que hoje é o Brique da Redenção? Não precisava lei, apenas vontade de fazer.

O Ver. Garcia está concedendo o Prêmio Não às Drogas ao Soldado João Luiz Correa Motta. Meus cumprimentos ao soldado, acho que o Ver. Professor Garcia está agindo corretamente, porque as pessoas simples devem ser homenageadas. Também o Ver. Garcia está propondo Título Honorífico de Líder Comunitário ao Sr. Fábio Fernandes Santos Silva. O Ver. Renato Guimarães denomina Rua da Poesia um logradouro. Será que o Prefeito vai vetar isso, como vetou o nome das constelações? O Ver. Beto Moesch institui o Programa de Incentivos ao Desenvolvimento da Área Central de Porto Alegre e dá outras providências. Será que o texto é aplicável? Será que não há dúvidas? A Procuradoria da Casa disse que estava tudo certo; eu tenho lá as minhas dúvidas, mas, de qualquer forma, ele tem uma idéia boa, não posso discordar da idéia.

O Ver. Renato Guimarães está autorizando o Executivo Municipal a construir um monumento em homenagem à luta pela inclusão social. Mas quem proibiu o Prefeito de fazer esse monumento? Será que há algum decreto legislativo, alguma lei que impede o Prefeito de fazer esse monumento se ele quiser? O Prefeito não precisa pedir autorização. O Ver. Renato Guimarães é da Bancada do Prefeito; vai lá no Prefeito e diz: “Olha, é uma boa idéia. É época de eleição, vamos fazer isso aí”!

E o Ver. Nedel concede Troféu Honra ao Mérito ao Sr. Egydio Pedro Flach. Meus cumprimentos ao Sr. Egydio Pedro Flach.

Mas, como eu dizia, o excesso de leis - hoje analisamos somente oito, mas alguns dias há trinta, quarenta aqui na 1ª Sessão de Pauta e na seqüência - prejudica, sim, a boa lei. Então, é preciso estudar mais, porque senão vamos ter o art. 81 fazendo uma barbaridade na Av. Voluntários da Pátria para construir a Vila dos Papeleiros, pois, por faltar seriedade, por faltar dignidade, por faltar honra, nós fomos iludidos; permitimos que somassem 17 votos e depois o Prefeito, apenas, colocou o Veto, sobre o qual as explicações foram muito interessantes - como não se trata de assunto em análise agora, não vou detalhar. Mas isso se faz em razão do número excessivo de leis que temos. Na Ordem de Dia, hoje, há mais de cem Projetos para serem votados, e não vamos votar nem um! Mas continuo esperando que um dia as pessoas entendam que chega de leis; vamos ao cumprimento da Legislação existente. Antes de mim, há 180 anos, o Governador do Rio Grande do Sul já dizia: “Chega de leis, as que têm são suficientes, basta que sejam cumpridas”. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, inicialmente quero saudar o Governador em exercício, Professor Antonio Hohlfeldt, que já foi Vereador desta Casa por muitos anos e que agora nos está visitando. Sr. Presidente, devido a esta visita, seguimos com a discussão da Pauta?

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Sugiro que V. Exª conclua seu pronunciamento para, então, recebermos o Sr. Governador em exercício.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, há na Pauta um Projeto do Ver. Beto Moesch que institui programa de incentivos ao desenvolvimento da área central de Porto Alegre e dá outras providências. O Projeto cria incentivos fiscais para fazer com que os empresários tenham disposição de investir no Centro da Cidade, a fim de que o Centro se transforme num local melhor para ser habitado e percorrido. A intenção do Ver. Beto Moesch realmente é muito boa, mas temos que discutir aqui os problemas ligados à Lei de Responsabilidade Fiscal.

Quero lembrar que os cuidados que devem ser tomados são com relação ao prejuízo ao conjunto da sociedade, em função, muitas vezes, de projetos mal-elaborados por parte do Poder Público, como é o caso da Rua 24 Horas. Eu me lembro de quanta publicidade se gastou em cima disso, Ver. Elói, dizendo que a Rua 24 Horas ia ajudar a revitalizar o Centro da Cidade, que nós teríamos um novo Centro a partir da inauguração da Rua 24 Horas. E eu lembro que alguns empresários ligados à Rua 24 Horas fizeram alguns investimentos para que ela pudesse se transformar numa realidade.

E o que se tem hoje lá? Infelizmente, para nós, um mictório. A Rua 24 Horas se transformou, simplesmente, durante a noite - porque, quando se pensa numa Rua 24 Horas, é para que ela tenha atividade nas 24 horas do dia; dia e noite a Rua 24 Horas funcionando -, num mictório. Por quê? Porque o Projeto foi mal elaborado. O dinheiro público foi mal gasto. Os empresários, infelizmente, foram iludidos. Muita gente ali mudou inclusive a sua atividade para tentar, de alguma forma, colaborar com o projeto. Mas nada deu certo. Por quê? Porque o planejamento foi mal feito.

Eu até gostaria de saber - deveria haver uma responsabilização com relação à publicidade - quanto dinheiro em publicidade foi gasto para dizer que a Rua 24 Horas era realmente o projeto revitalizador do Centro da Cidade. E o que nós vimos foi que nada disso, na verdade, aconteceu. O dinheiro público foi jogado no lixo. A Rua 24 Horas não existe, e, se outros projetos dessa natureza nascerem no Centro da Cidade, realmente, nós vamos estar endereçando mal a revitalização do nosso Centro da Cidade.

Acredito que o Projeto do Ver. Beto vem mexer novamente com algumas cabeças que querem fazer do nosso Centro um Centro um pouco melhor. Mas a Prefeitura, os nossos planejadores da Prefeitura têm de ser bem fiscalizados para que não “metam o bedelho”, porque, sempre que eles entram e dão alguma opinião, a coisa vai mal. Sempre que eles entram fazendo com que o Centro possa ser de acordo com aquilo que eles pensam, a coisa termina mal.

Eu quero louvar, aqui, o esforço do Ver. Beto Moesch, para que tenhamos possibilidade de novos investimentos na Região Central da Cidade e de que empresários venham, de alguma forma, a fazer ali os investimentos, porque eu gosto, realmente, dessa política, quando se fala em incentivos fiscais, no sentido de fazer com que a nossa sociedade possa melhorar a sua condição de vida numa determinada região. E a região do Centro precisa ser melhor tratada.

Eu quero dizer, só para finalizar, que vou fazer um estudo com relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, porque, quando se fala em incentivos fiscais, a gente tem de estudar exatamente sob a luz dessa Lei. Quanto ao resto, acho que o Projeto é muito bem dirigido.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao Ver. Luiz Braz.

Com muito orgulho, registro a presença, entre nós, numa visita de cortesia, do atual Governador em exercício, o sempre Ver. Antonio Hohlfeldt. Ele veio fazer uma visita a esta Casa, e eu lhe ofereço a palavra, com muito orgulho.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Minha prezada Presidente, Verª Margarete Moraes; prezados Vereadores Pujol, Sebenelo, Dib, Wilton Araújo, Luiz Braz, Verª Maristela Maffei, Ver. Nereu D'Avila, Ver. Elói Guimarães, senhores funcionários da Casa, eu quero, em primeiro lugar, Presidente, dizer da minha satisfação em retornar a esta Casa, é sobretudo uma visita de agradecimento.

Dias atrás, a Casa homenageou todos os seus ex-Presidentes, e infelizmente eu não pude estar presente, em função de outros compromissos assumidos na Vice-Governadoria do Estado, mas senti-me no dever de comparecer para, em primeiro lugar, pedir desculpas pela minha ausência e, em segundo lugar, agradecer a cada Vereador, agradecer a Presidente, a instituição Câmara, da qual me orgulho muito - saúdo o Ver. Garcia - de ter integrado, ao longo de 20 anos, nesta Cidade.

Eu fiz questão de escolher uma data em que eu estivesse no exercício do Governo do Estado. Como os senhores sabem, o Governador Rigotto encontra-se em Paris acompanhando um festival de cinema brasileiro que está sendo promovido na Capital francesa. Procurei, então, um dia em que eu eventualmente estivesse no Governo do Estado, também com uma deferência e um carinho a esta Casa, porque, afinal, foi onde cresci politicamente e partidariamente. Por fim, fiz questão de vir, Srª Presidente, nesta semana, antes das eleições, porque esta é ainda uma Legislatura que, de certa maneira, eu integro até o dia 31 de dezembro. Foi durante esta Legislatura que nós tivemos uma eleição, em que, por decisão dos gaúchos, o Governador Rigotto e eu assumimos o comando do Estado do Rio Grande do Sul. Mas queria vir, nesta semana que antecede a eleição, para deixar o meu carinho, o meu abraço a cada Vereador, independente dos Partidos, e a torcida para que todos os senhores e as senhoras consigam um bom resultado na urna.

Provavelmente, a Câmara de Porto Alegre é daquelas poucas em que os Vereadores estão tranqüilos, porque, afinal de contas, ao invés de diminuir o número de Vereadores, nós acabamos aumentando o número de Vereadores em Porto Alegre, de maneira compulsória de 33 para 36 - meu querido Haroldo de Souza, boa tarde -; eu lembro, Ver. Dib, quando, na época em que eu era o Presidente desta Casa, discutíamos a possibilidade de aumentar o número de Vereadores. Havíamos aqui decidido, em comum acordo com todas as Bancadas - na ocasião, teríamos a oportunidade de passar de 33 para 35 -, que não era conveniente, não era oportuno, porque não faria uma grande mudança no atendimento das necessidades da Cidade e acabaria onerando a Instituição.

Hoje é uma legislação superior à nossa decisão, independe, como dizia a Verª Margarete, de qualquer votação, qualquer decisão da Casa, ela depende de uma legislação superior. Provavelmente, passados quase dez anos ou talvez mais do que isso, de fato seja interessante a Capital de Porto Alegre ter a disponibilidade de mais três Vereadores para poder melhor atender as demandas da nossa cidadania.

Eu quero, portando, neste momento, Verª Margarete, dizer e ratificar o meu orgulho por esta Casa, como porto-alegrense, como ex-Vereador, e desejar, mais uma vez, a cada um dos companheiros boa sorte no pleito do dia 3, dizendo que esta Casa continua, sim, cumprindo com a sua função em relação à Cidade. Embora muito envolvido com as coisas do Governo do Estado, eu continuo acompanhando, na medida do possível, as coisas que acontecem nesta Casa, que ainda é, para mim, a minha Casa, o Legislativo de Porto Alegre. É com muito orgulho, com muito carinho que eu a visito hoje novamente.

Para finalizar, queria estender um agradecimento muito especial, uma vez mais, a todos os funcionários da Casa, porque no dia 1º nós vamos viver aqui mais uma vez, certamente, a chegada de alguns novos Vereadores; na pior das hipóteses, três novos Vereadores, aqueles que estarão ampliando a representação legislativa. E os funcionários desta Câmara, assim como fizeram comigo e fizeram com a maioria dos senhores que aqui estão, foram fundamentais no nosso aprendizado, naqueles primeiros meses, quando a gente ainda não sabia fazer a redação de um documento, o encaminhamento de um processo, a chegada no Protocolo e assim por diante. Portanto, a eles também o meu agradecimento, o meu carinho. E, como diz o Ver. Dib, que Deus proteja a todos no trabalho que desenvolvemos. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu agradeço ao Governador em exercício, Antonio Hohlfeldt a presença, o carinho, as palavras, dizendo que esta Casa é a sua Casa e será sempre.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para fazer uma saudação ao Governador em exercício, Antonio Hohlfeldt, em nome de todos os Vereadores e Vereadoras desta Casa.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; eminente Vice-Governador, Professor e Jornalista Antônio Hohlfeldt; Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, por certo, neste momento, aquele Vereador que marcou mais fortemente a sua passagem por esta Casa, pela competência e pelo amor que a ela dedicou, deve estar lá no céu muito satisfeito, porque ele dizia que, quando um Vereador desta Casa era dignificado, a Casa também se elevava. E o nosso Vereador, ex-Presidente desta Casa, mostrando seu amor à Casa, veio, na condição de Governador, trazer o seu abraço aos seus ex-colegas.

A Casa do Povo de Porto Alegre se sente honrada com a sua presença. Não é comum o Governador usar esta tribuna, principalmente num dia de Sessão normal; eventualmente, em Sessões Solenes, isso já aconteceu, mas, hoje, Governador Antonio Hohlfeldt, nós estamos realmente felizes pela sua demonstração de carinho e apreço à Casa que o projetou na vida pública do Rio Grande do Sul e que já ultrapassa, também, as fronteiras do Rio Grande.

Nós queremos - todos os Vereadores - lhe desejar sucesso na sua caminhada, que ela seja longa e cheia de bons frutos, que V. Exª possa dar, sempre, ao povo gaúcho, o seu carinho, o seu conhecimento, o seu zelo e a sua preocupação com o bem comum. Nós o saudamos! Saúde e PAZ! (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu agradeço as palavras do nosso ex-Presidente Ver. João Antonio Dib. Quero dizer, mais uma vez, ao Governador, que eu me sinto muito honrada em ser Presidenta desta Casa e de recebê-lo neste momento - momento de tensão para toda esta Casa -, sobretudo pelo seu afeto sincero em relação à Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Muito obrigada.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h22min.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes – às 15h24min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, em Pauta há uma iniciativa, de autoria do Ver. Beto Moesch, que visa estabelecer incentivos à área central da cidade de Porto Alegre. Num primeiro apanhado, trata-se de uma boa iniciativa; evidentemente, terá de passar, Ver. Beto Moesch, pelo filtro da Cidade. Ao lado do Centro da Cidade, há áreas - e V. Exª conhece bem - que também precisam, talvez mais que o Centro, de incentivos. Eu situaria uma que V. Exª conhece bem, uma região da qual participamos: o 4º Distrito, que, de uma data a esta data, vem sofrendo um processo de - não diria envelhecimento - marginalização no seu conjunto, com problemas de toda a ordem, ligados à falta de infra-estrutura, de escoamento de água, enfim, um conjunto de problemas que martirizam o nosso histórico 4º Distrito. E dizíamos lá, numa reunião do 4º Distrito, não faz muito, quando se debatia os interesses daquela Região da Cidade, que talvez o 4º Distrito fosse um dos distritos da cidade de Porto Alegre dos mais históricos, com grande importância no passado, por intermédio da sua verdadeira Av. Presidente Roosevelt, Av. Eduardo também. Até hoje se trata o 4º Distrito ora por Av. Presidente Roosevelt, ora por Av. Eduardo, que é o nome histórico da referida Avenida.

Então, ali, Ver. Beto Moesch, se precisa fazer investimentos, estímulos e incentivos, mas eu não acredito em incentivos, não acredito em estímulos, não acredito em revitalização se não tivermos na prancheta, na mesa do planejador, Ver. João Antonio Dib, a questão do transporte. O transporte e a circulação estão ligados ao planejamento. Não há planejamento capaz de revitalizar uma área se não tivermos a ela acrescentado o transporte. E, quando falo em transporte, falo em circulação, a aí até poderíamos falar em circulação de pessoas, mas em circulação. A circulação, o transporte, o trânsito são essenciais a qualquer planejamento; tanto é verdade que, quando se fazem alterações de transporte, se envelhecem determinados locais, marginalizam-se determinadas áreas da Cidade, dependendo do planejamento do transporte. O transporte, portanto, é vital, é o “sangue nas veias” da cidade de Porto Alegre. No momento em que juntarmos ao planejamento, a toda ordem de estímulos e recursos, um bom projeto, um bom plano diretor de transportes e circulação, nós estaremos, conseqüentemente, levando para lá o cliente, levando para o local o cliente, revitalizando, fazendo segurança. A circulação pelo transporte, seja pelo transporte individual, seja pelo transporte público, garante às populações segurança, até pela presença da atividade de circulação e de trânsito. Então, o planejador não pode formular nada, na minha opinião - com o devido respeito -, se não estiver embutida a questão da circulação, a questão que envolve o processo de deslocamento, o processo de circulação de trânsito, de linhas de ônibus, de pontos de táxi, enfim, de lotações, etc. e tal. Aí teremos, sim, revitalizada a área.

E, ali no 4º Distrito, a questão do Centro já é outra visão que tem que ser colocada, mas, com relação ao 4º Distrito, nós resolveremos o problema do 4º Distrito se ali distribuirmos, Ver. João Dib - que acena favoravelmente, V. Exª que conhece bem a área de transporte - um bom sistema de circulação, não só de trânsito, mas de transporte; enfim, nós, dessa forma, atingiremos os objetivos.

De qualquer forma, a idéia, o Projeto do Ver. Beto Moesch é bom porque mexe nesses assuntos tão importantes. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver. Beto Moesch está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. BETO MOESCH: Srª Presidenta, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, como o Projeto de Lei de minha autoria que busca estimular atividades ditas limpas no Centro foi debatido em Pauta anteriormente pelos Vereadores Elói Guimarães, Luiz Braz, João Antonio Dib e Sebenelo, sinto-me no dever de vir aqui cumprir com a obrigação deste Parlamento, que é a discussão preliminar dos Projetos de Lei apresentados nesta Casa. Esse Projeto já é lei em Recife, São Paulo e em outras cidades, onde nós buscamos, Vereadora-Presidenta, inspiração e o trouxemos para Porto Alegre. Todos sabem que os centros das cidades nas grandes metrópoles acabam-se desvalorizando. Isso não é um problema só de Porto Alegre, Ver. Haroldo de Souza, isso é um fenômeno mundial, todas as cidades de grande população acabam tendo problemas naquelas áreas que, num primeiro momento, eram as mais importantes e que, no decorrer do desenvolvimento dessa respectiva cidade, se desvalorizam. Porto Alegre não fugiu à regra mundial, e nós temos no Centro de Porto Alegre - embora sendo o verdadeiro centro, onde nós temos o centro político e econômico da Cidade - problemas seriíssimos de segurança, de limpeza, de informalidade - muita informalidade -, até porque circulam pessoas não só de Porto Alegre, como também de toda a Região Metropolitana.

E há um desafio muito grande à população de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, porque a verdadeira Capital do Rio Grande do Sul não é Porto Alegre, mas o Centro de Porto Alegre. Os bairros residenciais, na realidade, não se constituem como uma Capital. A Capital é o Centro; que está desvalorizando-se, empobrecendo e perdendo as suas características.

Então, é uma prioridade da sociedade porto-alegrense e gaúcha, e até brasileira - está aí o Monumenta, tentando colaborar no processo de revitalização do Centro, por meio da restauração de prédios históricos -, que o Centro volte a ser realmente o centro da cidade de Porto Alegre. E, para isso, temos de dar contrapartidas, temos de oferecer estímulos e incentivos; pois, do contrário, ele irá desvalorizar-se cada vez mais, e aí não bastará mais revitalizar, teremos de recuperar o Centro.

Então, trouxemos essas idéias, o que já existe, principalmente em Recife e em São Paulo, onde atividades formais, dentro de critérios, atividades ditas limpas, devem receber estímulo e incentivo por parte do Poder Público, como a diminuição de ISSQN, ou de IPTU, ou dos dois, dependendo do caso e da análise do próprio Poder Executivo. É uma demanda tanto da classe patronal quanto da classe trabalhadora da cidade de Porto Alegre, que estão competindo com a informalidade no Centro.

E o Ver. Elói Guimarães traz uma idéia que já havíamos discutido, embora o Projeto fale só do Centro: por que não estender a idéia para o 4º Distrito? Por que não? Também temos de recuperar e revitalizar o 4º Distrito, que também foi a principal área, a principal região da cidade de Porto Alegre.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que o Projeto de V. Exª é bom, traz uma discussão importante sobre o Centro da Cidade e, agora, sobre o 4º Distrito, mas acredito que tenhamos de fazer um estudo maior em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, até para que a gente possa torná-lo viável.

 

O SR. BETO MOESCH: Perfeito, Ver. Luiz Braz, agradeço a sua colaboração.

É claro que não temos o intuito e não tivemos... Cuidamos para não apresentar um Projeto inconstitucional que, por exemplo, descumprisse os princípios da Lei da Responsabilidade Fiscal. Mas esse tipo de Projeto, como coloquei, já existe em outras capitais brasileiras, portanto já é uma realidade no Brasil. E mais: com certeza, para as finanças do Município, isso vai melhorar em muito, porque vai trazer novos investimentos e vai manter os investimentos que já existem no Centro de Porto Alegre. Portanto, em termos fiscais, a Cidade só ganhará com isso. Todos ganham: a arrecadação fiscal ganha, a revitalização e recuperação do Centro ganha.

E a idéia do Ver. Elói Guimarães de estender isso também para o 4º Distrito é importante, mas o importante é isto: a Câmara de Vereadores pautar esse assunto para que a atividade formal vença a informal nesta Cidade e para que possamos, de uma vez por todas, recuperar o Centro da cidade de Porto Alegre e o 4º Distrito. É importante que isso esteja sempre em Pauta nesta Câmara de Vereadores. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta e Srs. Vereadores, o comentarista Paulo Sant’Ana traz a furo um assunto que ele dá o título de “Gigantesca Omissão”. Quando ele fala em “Gigantesca Omissão”, refere-se ao Centro de Porto Alegre. Ele diz, Ver. Beto Moesch: “Não se compreende que a campanha eleitoral que elegerá o prefeito porto-alegrense tenha evitado, assim, de forma tão constrangedora, pela tibieza e hesitação do conjunto de candidatos, avançar sobre a solução para o maior problema da paisagem urbana da Cidade: a deterioração do Centro. Como são passados já 16 anos” - e pena que ninguém da Bancada do Partido dos Trabalhadores esteja presente aqui para ouvir esta consideração - "da administração municipal petista, e Raul Pont tem chances reais de vir a ser eleito, entristece que ele não tenha um plano enérgico e decidido para revitalização do Centro, surpreendendo que José Fogaça, o seu escudeiro nas pesquisas, também não tenha atacado o problema de frente, tergiversando sobre a solução. O Centro é o coração de Porto Alegre, talvez o último e emblemático reduto que a cidade poderia oferecer à incontida e fria arremetida dos shopping, um santuário de passeios públicos..."

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Ver. Sebenelo, apenas um alerta para preservar a legislação eleitoral.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sabe o que é, Srª Presidenta? Com todo o meu pedido de desculpas, é que eu estou lendo uma crônica já publicada, hoje, por Paulo Sant’Ana. E não é uma questão eleitoral. Mais do que isso, eu estou chamando a atenção para a oportunidade do trabalho do Ver. Beto Moesch, que vem exatamente ao encontro dessa necessidade dita por toda a Cidade - e não como uma questão eleitoral -, não importa o Partido, isso independe de cor partidária; fundamentalmente, o Centro da Cidade precisa ser revitalizado.

 

O Sr. Haroldo de Souza: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Sebenelo, eu não vejo mal nenhum em se focalizar a coluna do Paulo Sant’Ana. Se alguém tem de ser punido, que seja o jornalista, então.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Essa opinião do Paulo Sant’Ana, assinada por ele, vem enriquecer o debate da Câmara, porque essa não é uma questão eleitoral, é uma questão de ternura com a Cidade, de amor com o seu Centro, de compreensão da necessidade dos convívios do mercado informal com o mercado formal e uma soma grande de outros fatores, inclusive de ordem cultural. E nós tivemos um debate extremamente intenso e competente nesta Câmara em relação às questões da nossa reserva cultural. O Centro é, hoje, um relicário. O Centro é, hoje, uma jóia preciosa que não pode estar atirada ao esquecimento e, principalmente, ao desleixo. É um local que, outrora, foi o nosso shopping aberto, foi o nosso passeio com as namoradas, foi a nossa central cultural, importantíssima, com cinemas - e os cinemas à noite na cidade de Porto Alegre marcaram uma época fantástica, culturalmente. Foi trazida do Exterior para cá uma bagagem cultural magnífica, por meio da qual entendíamos como o mundo evoluía, como o mundo modificava, através de lentes outras que não as lentes locais.

Pois hoje não só é indispensável esse investimento como qualquer pessoa que chegar à testa do Executivo Municipal terá que se defrontar com esse problema, desenvolvendo, debatendo e, por fim, solucionando-o da forma mais satisfatória para Porto Alegre, porque Porto Alegre merece um Centro com foco, especialmente um local em que sejam concentradas todas as suas belezas, todas as suas virtudes, toda a sua história e, principalmente, toda a sua gente, gente magnífica que faz desta Cidade uma das melhores do Brasil, especialmente, principalmente e mormente pela sua magnífica população, pela sua magnífica mestiçagem. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Solicito a abertura do painel eletrônico para conferência da presença dos Srs. Vereadores, a fim de que entremos na Ordem do Dia. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) Há sete Vereadores presentes: Haroldo de Souza, Beto Moesch, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Cláudio Sebenelo, Luiz Braz e Margarete Moraes. Não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 15h45min.)

 

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